domingo, 25 de setembro de 2011

Taurino Araújo recebe Medalha Thomé de Souza

Batista Neves destacou a responsabilidade do homenageado na educação de jovens

“A relevância da honraria me conduz à responsabilidade de continuar ajudando a cidade e o Brasil. Durante toda a minha vida lutei por uma sociedade plural, onde o ‘ter’ e o ‘ser’ tivessem o mínimo de diferença”. À medida que o professor e advogado Taurino Araújo falava, o seu discurso carregava de forma ainda mais evidente sentimentos de justiça e igualdade social, os mesmos que, praticados no dia a dia, o levaram a receber da Câmara Municipal de Salvador, na noite de segunda-feira (12), a Medalha Thomé de Souza, uma das mais altas honrarias concedidas pela Casa Legislativa.

Autor da iniciativa, o vereador Batista Neves (PMDB) reforçou o compromisso do homenageado de fazer jus à distinção. “Ao receber esta comenda, cresce a responsabilidade de defender essa cidade desigual e sofrida, e de educar nossos jovens para que criem verdadeira condição de cidadãos e assegurem seus direitos”, disse.

A participação de Taurino Araújo, desde muito jovem, à frente de movimentos sociais estudantis também foi destacada por Batista Neves, que fez uma crítica à falta de interesse político e ausência dos estudantes nos movimentos. “Hoje não vemos a estudantada se indignar”, pontuou o vereador.

Da condição de homem pobre e com uma história de vida sofrida, segundo Batista Neves, Taurino Araújo, que nasceu no município de Ubatã (BA), tornou-se um estudioso do direito moderno, com destacada atuação na área de Direitos Humanos, cultor da língua portuguesa e da filosofia, e articulista no jornal A Tarde. Em 2010, esteve entre os 13 advogados candidatos à vaga de desembargador do Tribunal de Justiça da Bahia pelo Quinto Constitucional.
Ascensão

Por sua trajetória de ascensão profissional, Taurino pode ser comparado, segundo o professor emérito da Universidade Federal da Bahia, Washington Trindade, ao renomado maestro Yehudge Menuhin, um dos maiores virtuoses do violino do século XX. Assim como Menuhin, “pelos dons que Deus lhos deu de graça, o agraciado pôde chegar a ser grande”. Ausente à solenidade, Washington Trindade deixou o seu discurso em posse do vereador Batista Neves que fez a sua leitura.  “Adivinhei que Taurino Araújo chegaria aos píncaros da notoriedade sem o conhecer pessoalmente, apenas avaliando-o pelos dados que deixou nos escritos jurídicos de advogado recém-chegado à cidade grande”, escreveu o professor Washington Trindade.
"Foi muito justa a homenagem à ele porque é um rapaz que eu conheci aos 17 anos., em plena praça pública, com um calor e uma vitalidade,  e sobretudo com uma íntima disposição da alma de lutar pelo seu seu povo, pela sua geração,  pela Humanidade. De modo que a Câmara de Vereadores presta uma homenagem simbólica no Taurino a uma jeventude muito larga, gente muito boa que nós temos
Nós somos um país que tem gente muito boa... Eu fico contente com isso. " Declarou o ex-governador Waldir Pires.
A preocupação do homenageado com a ética e sua luta em prol da liberdade e justiça social foram ressaltadas pela aluna Daisy France, que falou em nome dos estudantes do Sistema Bahia de Ensino.

Os tambores do Grupo Cultural Wadō, vinculado à Associação Nipo-Brasileira de Salvador (Anisa) e que se apresentou durante a solenidade, foram uma espécie de homenagem ao povo japonês que tão bem acolheu Taurino Araújo quando esteve em terras nipônicas, em 2005. O advogado aproveitou para agradecer a todos com quem convive e conviveu, e ao vereador Batista Neves pelo requerimento da solenidade: “Cada um de nós é uma obra escrita por todos que estiveram conosco e com quem estivemos ao longo da vida”.

Amplamente defendida por Taurino, a pluralidade cultural teve espaço na sessão, que ainda contou com apresentação do Grupo Núcleo Cultural da Capoeira Angola de Rua do Mestre Lua Rasta. Estiveram presentes à mesa o ex-ministro e ex-governador da Bahia, Waldir Pires; o reitor da Faculdade Thomaz de Aquino, Nelson Cerqueira; o juiz de direito, Ivanildo Silva; o vice-presidente do Instituto dos Advogados da Bahia, Evandro Guerra; e o fundador da Facceba, José Augusto Guimarães. O vereador Pedrinho Pepê (PMDB) presidiu a sessão durante o pronunciamento de Batista Neves.


METÁFRASE AO COMENDADOR TAURINO ARAÚJO[1]

WASHINGTON LUIZ DA TRINDADE


Suponha-me presente aí, como se fora uma ideia pura, o “eu sozinho” dos solipicistas que se amparam no binômio cartesiano “espírito-corpo”: “EUGE SERVE BONE ET FIDELIS, QUIA SUPER PAUCA FUISTI FIDELIS, SUPER MULTA TE CONSTITUAM, INTRA IN GAUDIUM DOMINI TUI” (Bem está servidor bom e fiel, já que foste fiel nas coisas pequenas dar-te-ei a intendência das grandes; entra, pois, no gozo do teu direito).
Presente estivesse à solenidade de entrega da Comenda, teria vontade de reproduzir a parêmia de RENÉ CHATEAUBRIAND sobre NAPOLEÃO BONAPARTE, aproveitada por STEVEN ENGLUND, o melhor biógrafo político do corso, quando lembrou: “em NAPOLEÃO Deus insuflou o sopro mais forte que a argila humana já recebeu”.

Assim, em terceira mão, posso enquadrar a minha metáfrase ao dizer: a munificência divina insuflou em TAURINO ARAÚJO o sopro mais forte que a argila humana de Jequié poderia receber.

Prova exata está aqui, o agraciando, homem pobre, no dizer de YEHUDGE MENUHIN, pelos dons que Deus lhos deu de graça, pôde chegar a ser grande. O escritor é filho de judeus russos que conheceu as rudezas da vida e chegou a ser um dos grandes maestros do século XX, amigo de CHAPLIN, GANDHI e STRAVINSKY.  Tomei-lhe por modelo do agraciando a quem nos contactos universitários adivinhei que chegaria aos píncaros da notoriedade sem o conhecer pessoalmente, apenas avaliando-o pelos dados que deixou nos escritos jurídicos  de advogado recém-chegado à cidade grande, escrevendo as suas petições e trabalhos universitários em linguagem culta, sem  rebuscados gongóricos, que só servem para aparecer.

Adivinhei, pois, que o agraciando logo seria notado nos pretórios de Salvador e do Brasil, nos cursos de Mestrado e Doutorado, pela linguagem culta, acadêmica, que a filósofa JULIA KRISTEVA afirmou ser o método mais seguro de abordar a mente e por essa abordagem material alcançar o drama da explicação do homem. A sua noologia não é a investigação do “ser presente” ou do “ser aparente”, mas a noologia do devir, ou seja: a explicação das áreas ignotas da mente que, às vezes, só a poesia pode ajudar a alcançá-las.

No seu livro “A revolução pela linguagem poética” ela tenta desvendar o lado semiótico ou feminino diferente do simbólico, representado pela voz do pai, do patriarca, para chegar a esclarecer, historicamente, a repressão das mulheres, que as desvaloriza no campo social.

Posição mais atual vê-se no ganhador do Prêmio Nobel de Química ILYA PRIGOGINE, que faz incursões tão profundas na Filosofia quanto na Química para chegar, em livro magistral, a marcar o fim do século XX (o breve século XX) anunciando o fim das certezas tanto nas ciências exatas quanto nas sociais, porque PRIGOGINE  está visando o devir enquanto explicação do homem.

Para concluir, desejo ao agraciando outras distinções maiores, eis que, nas palavras de MICHEL SERRES, filósofo e historiador, Ciência e Poesia - palavra esta que, etimologicamente, provém de “fabricar”, são termos pelos quais  a primeira está presente no procedimento metodológico e a segunda, no uso da linguagem.

Saúdo-lhe a distância, TAURINO ARAÚJO, reúno-me aos que o querem no topo da pirâmide social, participando da “epopeia crioula” e das mitologias futuras.

Salvador, no dia 12 de setembro de 2011, nos idos de um mês fatídico na história da humanidade.
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WASHINGTON LUIZ DA TRINDADE
É Professor Émerito e Docente Livre do Mestrado
em Direito Privado da Universidade Federal da Bahia UFBA



[1]Saudação enviada ao professor Taurino Araújo em 12 de setembro de 2011 quando da realização da Solenidade Comendador Medalha Thomé de Souza (mais alta honraria do Município), pronunciada pelo Vereador Batista Neves no Plenário Cosme de Farias da Câmara Municipal do Salvador.

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